Pela primeira vez no espaço de um ano, os bancos portugueses aumentaram a concessão de crédito à habitação.
Pela primeira vez desde Março de 2011, os bancos aumentaram a carteira total de crédito à habitação, o que significa que, em Fevereiro, os novos empréstimos ultrapassaram o montante de amortizações. No entanto os números ontem divulgados pelo Banco Central Europeu (BCE) estão ainda longe de sugerir uma inversão da tendência no que toca à concessão de crédito à economia. O total de empréstimos direccionados às empresas portuguesas voltou a cair no último mês, a par do comportamento verificado na restante zona euro, apesar de os bancos europeus terem sido auxiliados com mais de um bilião de euros nos últimos três meses.
Em Portugal, os bancos aumentaram em 432 milhões de euros o crédito total concedido às famílias portuguesas, 411 milhões dos quais via crédito à habitação. Algo que João Martins, director-geral da MaxFinance - considera ser um fenómeno pontual e sustentado principalmente na venda de imóveis da própria banca. "Enquanto os bancos não resolverem os seus problemas de rácios de capital, o crédito à habitação não será uma prioridade", diz. Nota ainda que "apenas nos imóveis da banca está a existir uma enorme dinamização para vender". Já o total de crédito concedido às empresas voltou a cair em Fevereiro, em 315 milhões de euros, ainda assim menos do que o verificado nos dois meses anteriores, quando o corte na carteira de crédito superou os 2,5 mil milhões de euros.
Em Dezembro e Fevereiro, o BCE concedeu aos bancos 1,02 biliões de euros de liquidez a três anos, com objectivo de prevenir um ‘credit crunch´ na zona euro. No entanto, ao invés de chegar à economia real, este capital tem sido fortemente utilizado na compra de dívida soberana e também de obrigações emitidas por bancos. Portugal não é excepção a esta conjuntura, com os bancos portugueses a aumentarem a sua exposição à dívida pública em 4,2 mil milhões de euros em Fevereiro - para um novo recorde de dívida pública nos balanços, superior a 29,8 mil milhões de euros - aos quais se somam mais 4,2 mil milhões de euros investidos em dívida emitida por bancos. Já para o financiamento às empresas, através da compra de títulos de dívida, foram reservados apenas 600 milhões de euros no último mês.
FONTE: casayes.pt